Obrigado Bruna Sant'anna por compartilhar :D Que Deus continue te abençoado e te dando graça pra escrever muito mais.
O Deus da caneta vermelha

Veio até mim já sabendo meu nome. Quando olhou em meus olhos, algo estranho ocorreu: olhava coração. Mas como pôde ter feito aquilo? Em meus olhos, vi meus segredos, vi meus sonhos e meus próprios pecados escondidos. Ele me via. Jesus me via, enxergava-me totalmente, sem tarjas, sem rótulos: apenas eu – o que era, e o que escondia ser -, mas era isso que mais me assustava.
Percebendo meu desconcerto, Ele levou-me até uma sala de cinema. Sim, Jesus me levou até uma sala de cinema. Eu pensei, inquieta: o que poderia estar acontecendo? É agora que eu morro? Ele vai dizer que está decepcionado comigo, que não esperava tudo isso de mim... Quando penso em fugir, Ele pega minha mão. Acabou, vou ser levada para o tronco, penso.
Um filme começa. E não, não era paixão de Cristo. Não era nenhuma longa metragem que você queira ver. Era minha vida. Era minha mente... Meus pensamentos mais tenebrosos expostos ali, uma eternidade de horror. Meus pecados? Estavam ali também. Todas as palavras inúteis, maldosas e desconcertantes? Tudinho. E eu Jesus, num silencio mortal. Não ousava fitá-lo. E Ele continuava a assistir o filme, sem encarar-me uma única vez.
Começo a chorar e balbucio: Jesus, mas... Desculpe-me. Ele então, curiosamente, se levanta daquela cadeira e por incrível que pareça não estava com um chicote. Ele vai até uma outra sala e leva a mim uma grande pilha de arquivos.
Uma papelada volumosa estava agora em minhas mãos e chamava-se “Bruna Sant’Anna”. Tinha de ser a minha sentença... Depois que Ele viu tudo aquilo, era a única resposta que me ocorria. Então, comecei a ler. O primeiro volume chamava-se pecados (e estava com um tamanho considerável). O segundo, “Pensamentos Impuros”. Lendo um a um, chego no oitavo, aliviada, já que se chamava: “pessoas a quem evangelizei”. Mas havia um vergonhoso problema: nele, estavam escritas apenas quatro frases.
Ao fim de cada doloroso documento, havia uma assinatura em uma lacuna destinada ao responsável daqueles atos, e já que o documento tinha meu nome, lá estava minha assinatura. Era culpa minha. TUDO aquilo. Podia ficar pior?
Eu estava desesperada. Primeiro, Ele me mostra aquele filme pavoroso, e agora um arquivo com todas as minhas besteiras descritas (detalhadamente). Queria apagar tudo aquilo, voltar ao passado, me esconder, fugir. Afinal, quem estava ali, era Jesus... Poderia ser mais constrangedor?

Foi assim que nos conhecemos.
Ele tomou o prejuízo pra si, ao olhar em meus olhos. Ao olhar-me, compadeceu-se, e assumiu a divida que me pertencia. Apagou meu nome do arquivo com sangue, e o sangue de inestimável valor. Descobriu minha vida, e assim eu pude me descobrir. Experimentei da sala de cinema, de leitura do arquivo, mas não fui acusada. Fui amada. Ele é o Deus que quebra paradigmas, que me vê por completo sem se assustar. A água viva. A vida. O Deus da caneta vermelha.
Bruna Sant'Anna
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